A mãe que eu não imaginava que seria

Meu filho era muito amado e querido mesmo antes de nascer. Isso eu já sabia.

Meu filho era um bebê grande e saudável. Isso eu também já sabia.

Meu filho tem autismo. E isso eu não sabia.

Eu não sabia, nem estava preparada. Acho que ninguém está.

No início, é como estar perdido em lugar onde não conhecemos ninguém. Não sabia ao certo a quem pedir informação, em quem poderia confiar, qual a direção certa a seguir.

Mas nesse lugar diferente eu me encontrei. Fui conhecendo aos poucos, saboreando os momentos, experimentando tudo por conta própria. Enfrentei a tempestade, mesmo sem guarda-chuva. E o céu que estava nublado foi clareando aos poucos.

Eu percebi que ainda teremos muitos dias nublados e eu não posso ficar triste por conta deles.

Com o passar do tempo ganhamos mais conhecimento, discernimento e sabedoria.

Eu me tornei estudante, pesquisadora e defensora. Malabarista e terapeuta particular. Uma voluntária, um travesseiro, uma limpadora de lágrimas. Professora e contadora de histórias. Motorista, cozinheira e criadora de novos cardápios. Alguém que ama, cuida e protege.

Eu me transformei em uma filha e uma irmã melhor. Me tornei melhor esposa e melhor amiga também.

Talvez eu não tivesse chegado tão longe sem o empurrão que meu filho me deu. Eu nunca teria conhecido pessoas maravilhosas que conheci nesta trajetória. Nunca teria feito algumas amizades que só aconteceram porque fui jogada no círculo deste diagnóstico.

Hoje sou mais grata, mais empática, mais humana. Melhor pessoa e melhor mãe.

Por Amanda Puly