O autismo e a importância de estimular a independência

A preocupação com o futuro aflige muitos pais de crianças com autismo. Será que conseguirão se cuidar sozinhos? Trabalhar? Conquistar sua independência?

Quando uma pessoa com autismo chega à idade adulta sem a capacidade da autonomia, faz-se necessário nomear um tutor, que será seu responsável legal para o resto da vida.

Se temos um diagnóstico precoce, temos condições de oferecer à criança oportunidades de desenvolver sua autonomia e independência desde cedo. E os pais tem um papel fundamental nisso!

Como estimular a independência?

  • Dê sempre opções para que a criança aprenda os efeitos de suas escolhas. Veja bem, dar opções não é o mesmo que dar liberdade para que ela faça o que quer, mas sim decidir o que mais lhe agrada e ir aos poucos formando sua personalidade. É escolher entre vestir o moletom vermelho ou o azul, optar por comer uma maçã ou uma laranja, brincar com o quebra cabeças ou com as massinhas.
  • Deixe que a criança explore e conheça os brinquedos, a natureza, os ambientes diferentes. Não precisa deixá-la correr riscos, mas também não é necessário protegê-la de tudo. Esteja sempre perto, estenda a mão, alerte sobre os perigos, mas deixe-a experimentar. Cair de vez em quando faz parte desse processo.
  • Incentive que a criança vista-se sozinha, mesmo que depois você tenha que desvirar alguma peça de roupa. Deixe-a tentar, permita que vista os calçados trocados mesmo, é assim que ela aprenderá.
  • Dê tempo para que a criança tente fazer uma atividade até o final. Nossa tendência é fazer tudo por eles, eu sei. Mas espere o tempo que ela precisa para arrumar a cama, escovar os dentinhos, se alimentar… Interfira somente naquilo que ela realmente não conseguir.
  • Peça ajuda na cozinha. Alguma coisa fácil, como fazer as bolinhas do nhoque ou montar os ingredientes da pizza. Taí um jeito delicioso de experimentar!
  • Defina algumas pequenas responsabilidades para a criança. Algo simples, como molhar as plantas ou colocar ração para os animais. Supervisione, mas deixe-a acreditar que algo depende só dela.
  • Quando a criança for mais crescidinha, crie uma “mesada” ou algum combinado para que ela tenha seu próprio dinheiro. É muito importante que ela aprenda aos poucos que as coisas têm valor, o que significa economizar, gastar com algo que ela queira.
  • Se a criança se sentir confortável, deixe-a dormir na casa dos avós ou de algum priminho, por exemplo. Para algumas, alterar a rotina do sono pode ser um transtorno muito grande. Mas se não for o caso e ela gostar da ideia, pode ser uma experiência amadurecedora.
  • As lições de casa devem ser sempre feitas pela criança. Mesmo que ela não recorte direito, mesmo que a letrinha fique torta, mesmo que a folha amasse um pouquinho, ofereça ajuda apenas no que ela realmente não souber.

O mais importante é respeitar o tempo que a criança precisa para experimentar e descobrir por si só. Estamos a maior parte do tempo com pressa, isso é fato. Eu me incluo nessa, às vezes é muito mais fácil fazer rapidinho pelo meu filho. Ter paciência é algo que estou aprendendo no dia a dia. E não tem nada mais gratificante do que ver olhinhos brilhando por ter conseguido fazer algo sozinho pela primeira vez…

Por Amanda Puly

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