Autismo e hiperlexia
Por Amanda Puly
Hiperlexia é uma síndrome com três características principais: capacidade precoce de leitura, dificuldades na linguagem oral e comportamentos sociais atípicos. A hiperlexia está muito presente em crianças com autismo. A ela estão também associadas capacidades superiores de memorização e maior facilidade/interesse com informações visuais.
É importante ressaltar que nem toda criança autista tem hiperlexia, assim como nem toda criança hiperlexa tem autismo. Porém, a maior incidência de hiperlexia está nas crianças que apresentam o transtorno do espectro autista. Por isso, os pais e professores não devem se vislumbrar com as habilidades da criança e deixar de lado as dificuldades sociais e de comunicação que ela apresenta.
Quando tinha aproximadamente 1 ano e meio, meu filho Leandro já identificava todas as letras e algarismos. Aos 2 anos e meio já sabia ler. Aprendeu sozinho, ninguém o ensinou. Sempre teve muita obsessão por letras e números. Em paralelo às habilidades, observamos alguns pontos negativos, como tendência ao isolamento, dificuldades na comunicação, desinteresse social, estereotipia de rodar brinquedos, que nos levaram ao diagnóstico de autismo.
Aqui em baixo está o link de um vídeo do Leandro escrevendo aos 2 aninhos:
Leandro escrevendo aos 2 anos e meio
As características da hiperlexia, se bem utilizadas, podem contribuir para o desenvolvimento das habilidades sociais e de comunicação. Aqui nos ajudaram muito! A estimulação oral através de livros, o ensinamento de conceitos básicos como sim/não, pode/não pode, desfralde, etc, através da escrita e da informação visual permitem que a criança supere as maiores dificuldades do autismo.
Sobre a escola
Já ouvi opiniões muito distintas sobre a escola. A maior parte dos educadores que fazem parte da vida do Leandro defendem que ele deve avançar etapas (séries), talvez por não enxergarem as dificuldades do autismo. Algumas teorias pedagógicas defendem a criação de turmas especiais, pois o profissional trabalhará com metodologia diferenciada e precisa estar mais preparado. Minha opinião é que ele deve permanecer onde está, junto com crianças da sua idade, aprendendo conceitos que ainda não adquiriu, convivendo e evoluindo como uma criança típica. As crianças têm muito a oferecer para o desenvolvimento dele, assim como ele pode contribuir para o aprendizado dos outros. Basta ter um professor preparado, criativo e entusiasmado à sua frente.
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