Autismo em mulheres: diagnósticos errados e a importância de acertar

Se você é mulher e tem autismo (ou desconfia que tenha) é bem provável que já tenha recebido outros diagnósticos como de transtorno bipolar, ansiedade, TOC, depressão, TDAH…

Será que as características do autismo no sexo feminino podem ser assim tão facilmente confundidas com outros transtornos?

Saiba que é comum que isso aconteça! E, na maioria dos casos, a ansiedade e a depressão são consequências de ter autismo em um mundo neurotípico. Geralmente acontecem como um reflexo das tentativas frustradas de adequações a comportamentos típicos. Algumas mulheres passam suas vidas acumulando diagnósticos dos mais variados transtornos, quando na verdade um único diagnóstico correto de autismo seria responsável por todos (ou quase todos) os sintomas que elas apresentam.

Mulheres que raramente saem de casa, que têm poucos amigos, que apresentam dificuldades significativas nos relacionamentos, na vida social ou profissional, podem ser facilmente apontadas como depressivas. Tratá-las como tal pode ajudar superficialmente, talvez melhorando alguns aspectos. Mas essa melhora será temporária, pois não ajudará na construção de habilidades importantes que estão limitadas na pessoa com autismo, resultando em constantes frustrações futuras.

Insônia, ansiedade, oscilações de humor, fobia social e até mesmo a depressão podem ser resultados de uma vida cheia de tentativas de adequações sociais fracassadas, de falhas consideráveis na comunicação e de exigências sobre si mesma.

O autismo é menos comum em mulheres, além de ser mais difícil diagnosticá-lo, já que temos mais facilidade em copiar comportamentos e disfarçar nossas imperfeições. Nos esforçamos a tal ponto que chegamos ao final do dia a um cansaço extremo. Exaustão!

Depois de acumular tantas condições de saúde que parecem não lhe pertencerem, perceber-se dentro do espectro autista pode ser um grande alívio! Quanto tempo se perde com diagnósticos errados!

Nesse processo, buscar o autoconhecimento será fundamental! Entender que as instabilidades emocionais podem ser os colapsos do autismo, que pequenas adequações sociais podem melhorar expressivamente as relações, que não precisamos conviver com o peso de não aceitar nossas falhas. E aí inicia-se o processo de busca pela nossa autenticidade…

Por Amanda Puly

 

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