Ter um filho com deficiência em um mundo cheio de deficiências

Muitos estudos já demonstraram que pais de crianças com necessidades especiais apresentam taxas mais altas de estresse e depressão do que os outros pais. E não é para menos! Sua vida social, profissional e os relacionamentos familiares são afetados. Só quem convive sabe a luta diária que essas famílias precisam enfrentar!

Encontrar uma escola inclusiva é praticamente utopia. Muitas escolas ainda recusam matrícula (mesmo sendo crime), a maioria dos docentes não tem a formação e o apoio adequados. A inclusão em sala é quase sempre mera ilusão.

Obter um diagnóstico correto e as terapias ideais é um processo árduo de busca pelos profissionais adequados e de longa espera pelo atendimento. Um verdadeiro exercício de paciência!

E o que dizer do futuro? Um tempo cheio de medos e incertezas. Estaremos bem o suficiente para cuidar dos nossos filhos? Será que ele/ela será capaz de ter uma vida independente?

Falta inclusão social, inclusão no lazer, inclusão na própria família. Existe muita indiferença, falta de respeito, julgamentos e ignorância. Essas são as deficiências do mundo e os pais estão cansados de lutar contra elas.

É triste saber que muitas pessoas sequer sabem o aprendizado que uma criança especial pode proporcionar. É triste que muitos não reconheçam seu valor, sua importância, sua inteligência. É triste saber que até os direitos que foram conquistados não são respeitados.

Essa é a maior luta desses pais! Mostrar que a convivência pode ser um privilégio, uma lição diária de força e resiliência. Certamente, nossos filhos passarão por muitos parques, supermercados, salas de aula, consultórios médicos, salas de cinema… e as deficiências deste mundo precisam ser curadas para haja a inclusão de verdade!

Por Amanda Puly

“Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.”

Paulo Freire – Pedagogia da Indignação

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