AUTISMO: da imitação ao desenvolvimento social

Desde bebês, os seres humanos aprendem através da imitação. Observando nossos pares, aprendemos a imitar gestos e sons, sempre aumentando nosso repertório de comunicação.

Em crianças dentro do espectro autista, o desenvolvimento social ocorre da mesma forma, porém é dificultado pela falta de interesse e intenção comunicativa.

Os problemas de comunicação limitam o relacionamento da criança com os pais e outros familiares, dificultando ainda mais seu desenvolvimento.

CONTATO VISUAL E ATENÇÃO

É possível notar alguns sinais característicos do autismo desde muito cedo: o bebê que faz pouco ou nenhum contato visual, que não fica atento quando a mãe conversa, ou ainda que não nota os acontecimentos ao seu redor.

Neste aspecto, temos um dos primeiros pontos a serem trabalhados: estimular o contato visual. É importante que os pais (ou outras pessoas que convivam com a criança) trabalhem sua atenção, toquem em seu braço para que ela perceba a intenção de comunicar, chamem-lhe pelo nome e estejam certos de que ela está atenta antes de começar a falar.

Solicite a atenção da criança diversas vezes durante o dia. Ensine-a a notar quando alguém sai ou chega, mostre as mudanças que acontecem no ambiente. Peça também a outras pessoas que nunca a ignorem, só porque ela não responde. Ela precisa compreender desde cedo que será solicitada e que deve responder a essas solicitações.

Este é um trabalho persistente, cujos resultados não são imediatos, e que deve estar acompanhado de reforço positivo (‘muito bem’, sorriso…) sempre que a criança responder satisfatoriamente, para que se torne habitual.

IMITAÇÃO E APRENDIZADO

Quando a criança estiver “dominando” o contato visual, devemos passar ao passo seguinte que é a imitação.

É importante compreender que existem muitas coisas que a criança com autismo não aprende instintivamente, como as demais que estão fora do espectro.

É necessário ensiná-las desde as noções mais básicas, como cumprimentar e reconhecer as expressões faciais, até as mais complexas, como o desenvolvimento da empatia (que cá entre nós, pouquíssimos seres humanos dominam, né?).

São os pais que geralmente passam a maior parte do tempo com as crianças. Logo, há muito em que podem (e devem) contribuir para o seu desenvolvimento. E as brincadeiras são a melhor forma de aprender!

Utilize música, rimas, imite o som dos animais e dos carros, faça caretas… enfim, explore tudo que possa motivar essa criança!

DESENVOLVENDO HABILIDADES SOCIAIS

Existem muitas opções de terapias que ajudam no desenvolvimento de habilidades sociais. Mas, longe dos consultórios, há muitas opções em que a família pode ajudar também!

  • ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO são ótimas oportunidades para que as crianças formem vínculos emocionais e comecem a compreender as emoções dos outros. Além disso, costumam ser grandes companhias!
  • JOGOS VARIADOS treinam habilidades importantes, como ganhar e perder, esperar a vez, compartilhar brinquedos, ser tolerante, etc.
  • HISTÓRIAS SOCIAIS fazem com que a criança compreenda visualmente como deve agir em eventos específicos, sem ser surpreendida com situações inesperadas. Dessa forma, ela diminui a ansiedade e aumenta seu repertório.
  • CONVÍVIO COM OUTRAS CRIANÇAS é uma das melhores formas de praticar a imitação e treinar as habilidades que aprendeu individualmente. Como podemos exigir que as outras crianças aceitem as diferenças se não permitirmos que convivam com elas?
  • VIVÊNCIAS… quanto mais variadas as vivências de uma criança, maior será seu conhecimento de mundo. Explore lugares novos, passeios variados, contato com pessoas diferentes. Mesmo que imprevistos possam acontecer, respire fundo e tente não se importar tanto com a opinião daqueles que não conhecem o autismo. Vale a pena ver nossos filhos aprendendo com suas novas experiências.

Há muito para praticar, não é mesmo? Comece agora!

Por Amanda Puly

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