Tudo tem um lado bom. Autismo também?

Uma das coisas mais incríveis na humanidade é que duas pessoas podem olhar para a mesma direção e enxergar coisas distintas. É tudo questão de perspectiva. Enxergar o copo meio cheio ou meio vazio.

Você pode ver defeitos onde eu vejo apenas diferenças. Você pode ver um obstáculo onde eu vejo um desafio. Você pode ver fraqueza onde eu vejo coragem. Você pode ver falta de sorte onde eu vejo mudança de planos. Você pode ver dor onde eu vejo resiliência. O que antes era uma deficiência pode agora ser um privilégio…

Quando nos deparamos com o diagnóstico de autismo, todas as informações que buscamos parecem ser referentes a comorbidades, dificuldades de aprendizagem, problemas de comunicação, déficits de socialização, etc. Certamente são muitos os desafios a serem enfrentados. Mas o que eu gostaria mesmo é que as pessoas pudessem enxergar todas as qualidades que estão à frente das possíveis limitações do autismo.

Se tudo que você enxerga é a deficiência, então você perderá o encanto, o brilho, a doçura, a simplicidade.

Eu aprendi a enxergar através do olhar do meu filho. E entendi o quanto pode ser importante manter a organização, esperar a atividade acabar, oferecer previsibilidade, ser consistente, eliminar as ironias e as promessas não cumpridas, decifrar a complexidade das relações entre as pessoas.

Como eu poderia integrá-lo a este mundo se não fosse desta forma? Como eu poderia ajudá-lo, sem ver através do seu olhar?

E quanto às relações sociais? Em um mundo onde as pessoas mentem e enganam o tempo todo, nada como ter ao seu lado alguém marcado pela lealdade e honestidade, alguém em quem se pode confiar plenamente.

E a forma diferenciada de processar as sensações? O mundo é rico em experiências intensas. São cheiros, luzes e sons que precisam ser decifrados. São sensações curiosas e interessantes que precisam ser exploradas.

Aquele que não consegue enxergar através da perspectiva do autismo, perderá grandes potencialidades, ideias surpreendentes, talentos maravilhosos. Enxergar além dos desafios e rótulos é questão de perspectiva.

Privilégio é entender que o que se acredita ser algo negativo pode ser simplesmente diferente. E nas diferenças estão as maiores riquezas da humanidade!

Por Amanda Puly

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5 Comentários

  • Posted 31 de May de 2017

    Tatiana Braga

    Até que enfim encontrei alguém como eu, que fala mais da bênção do que do problema. Em todos os lugares onde procuro, onde pesquiso, vejo falar sobre as limitações e dificuldades e já estava me sentindo estranha, até frustrada. Não vejo uma dificuldade tão grande e já estava achando que tinha algum problema, que eu era incapaz de compreender a dimensão do problema.

    • Posted 31 de May de 2017

      Amanda Puly

      Bem vinda então, Tatiana! Podemos juntas melhorar a visão que muitos têm do autismo! Mostrar que existem SIM muitas qualidades à frente dele! Um beijo!

  • Posted 31 de May de 2017

    Tatiana Braga

    Desde o início, quando a escola levantou a hipótese, comecei a pesquisar e a prestar mais atenção no comportamento dele.
    Como você, eu passei a olhar o mundo com os olhos dele, tentar compreender não o transtorno, mas a mente do meu filho. Seus pensamentos, receios, sentimentos. Com o tempo, fui conseguindo adequar nossa rotina sem maiores dificuldades. Ele é literal? Tem dificuldade de entender os sentimentos das pessoas ao seu redor? Tudo bem, eu falo isso para ele. Virou rotina dizer todos os dias que o amo do jeitinho que ele é, que ele é perfeito, inteligente e que tenho muito orgulho. Brincar de cara triste, cara alegre, cara zangada… Até que ele já está conseguindo “ler” a expressão das pessoas. Dizer exatamente o que espero dele? Bem mais fácil do que esperar que ele entenda o que eu quero.

  • Posted 31 de May de 2017

    Tatiana Braga

    Quanto à dieta sem caseína e glúten, realmente tenho visto várias provas de que ela funciona, principalmente na diminuição da hiperatividade e crises. Tá, mas meu filho não é hiperativo. Do meu jeito estou conseguindo evitar as birras. Dorme 8 horas por noite. Em parceria com a escola maravilhosa dele, conseguimos melhorar até mesmo a interação social. Então, se estamos conseguindo isso tudo sem tirar as coisas que ele gosta, deveria bastar, não é? Acho que tirar seu toddy, seu queijinho, o pão francês, o biscoito que ele ama da padaria do meu bairro causaria um stress desnecessário nesse momento.

    • Posted 31 de May de 2017

      Amanda Puly

      Tatiana, mas a dieta não é indicada para todas as crianças. Se foi o médico que o acompanha que o indicou, ok. Do contrário, uma dieta mal orientada pode ser até prejudicial. Nunca precisamos fazer dieta por aqui, até porque meu filho é tão restritivo que se eu tirasse glúten e caseína acho que ele não comeria praticamente nada. Se ele dorme bem, está progredindo e se desenvolvendo satisfatoriamente, não há necessidade de fazer a dieta. Um beijo!

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