Autismo: será que realmente falta empatia?
Existe um conceito generalizado de que pessoas com autismo não têm empatia, já que elas têm dificuldades em compreender os sentimentos e emoções dos outros. Para elas, é difícil colocar-se no lugar do outro.
Há alguns dias, meu filho disse algo que chamou minha atenção. Ele riu quando uma amiguinha caiu da cadeira e eu imediatamente repreendi, dizendo que ele não poderia rir nessas situações. E perguntei: ‘Como você acha que ela se sentiu?’. Ele respondeu que não sabia, e que a gente poderia perguntar para ela.
Em primeiro lugar, nós os ensinamos a rir em momentos inapropriados. Eles aprendem vendo vídeos “engraçados” que passam o tempo todo na TV ou computador, que nada mais são do que pessoas caindo ou se machucando.
Mas aí vem a segunda reflexão. A pessoa com autismo pensa naquilo que é óbvio, que é concreto. Para mim, a resposta era simples: ela ficou triste. Mas quem garante que eu estava certa? A gente imagina, supõe como o outro está se sentindo. E simplesmente supor torna-se quase impossível para quem tem a imaginação limitada.
Não conseguir “adivinhar”como o outro está se sentindo não significa não se importar. E a maneira mais óbvia de resolver isso é perguntando, não é mesmo?
Mais uma vez o autismo nos ensina. Por que temos sempre que supor? Nem tudo é o que parece. A pessoa sozinha não necessariamente está triste. Sorrir nem sempre é sinônimo de felicidade. Mesmo uma pessoa rodeada de amigos pode estar se sentindo sozinha. E por aí vai…
Perguntar como o outro se sente é melhor do que supor. E também permite que o outro se expresse. Talvez as respostas sejam bem diferentes do que imaginamos!
Por Amanda Puly