Autismo não significa isolamento
Muitos acreditam que as pessoas com autismo vivem em um mundo só seu, fechadas, isoladas de tudo que acontece ao seu redor. Não é por acaso, afinal muitos autistas não são verbais ou não aprenderam formas de se comunicar, não fazem contato com os olhos e uma grande parte também evita o contato físico.
Como então podemos querer socializá-los, se não conseguem comunicar-se com as pessoas ao seu redor ou não toleram os estímulos do ambiente onde estão presentes?
COMUNICAÇÃO
O fato de uma pessoa com autismo ser não verbal, não significa que ela não deva aprender formas de se comunicar. Existem muitas formas de comunicação comunicação alternativa – como gestos, sinais, escrita ou imagens – que podem ser gradativamente ensinadas. A comunicação alternativa pode ser tanto um aliado na aprendizagem da comunicação verbal, para que a criança aprenda o básico antes de conseguir efetivamente verbalizar, quanto pode ser a forma como ela irá interagir com sua família e restante da sociedade ao longo de sua vida.
Ensinar as crianças com autismo a interagir é essencial para ajudá-las a atingir seu pleno desenvolvimento. O ideal é começar a estimular as habilidades sociais o quanto antes, durante a fase pré-escolar, e adaptando de acordo com a idade e os interesses de cada uma. Aos poucos a criança aprenderá a iniciar e manter uma conversa, interagir em grupos e as sutilezas sociais, tudo com base em suas vivências.
DESORDENS SENSORIAIS
A integração sensorial é o processo pelo qual o cérebro organiza as informações que recebe, ou seja, as sensações recebidas pelo ambiente ou pelo próprio corpo. A dificuldade no processamento sensorial é outra grande culpada pelo estigma de que pessoas com autismo não gostam de interação. Em primeiro lugar, porque locais com muitas pessoas, barulhos e conversas simultâneas são grandes inimigos de quem tem dificuldades nessa integração. Abraços e toques podem ser invasivos. Um cheiro forte, um ruído inesperado ou uma luz piscando podem roubar completamente a atenção.
Além disso, a pessoa com autismo tem dificuldades em manter a atenção compartilhada. Isso quer dizer que é extremamente difícil para ela estar atenta a uma conversa simultaneamente aos gestos, expressões faciais, movimentos corporais, e também se houver outras pessoas conversando ao redor, por exemplo.
Assim, quaisquer sensações percebidas pela criança podem afetar seu desenvolvimento social e fazê-la se afastar, como em um mecanismo de defesa.
ABRINDO-SE PARA O MUNDO
Todo progresso pode ser lento e demanda paciência. Mas uma vez que a criança comece a se comunicar e seu processamento sensorial comece a entrar em equilíbrio, todo o seu desenvolvimento melhora. Não apenas a socialização, mas também o contato visual, o conhecimento de si mesmo, a concentração e atenção, a alimentação, o uso do banheiro, o desempenho escolar, a autoestima, etc.
Por Amanda Puly