Família: O que acontece quando o autismo invade nossas vidas?
Os pais foram biologicamente programados para saber decifrar o que seus filhos precisam, para saber o que significa cada choro ou resmungo. Parecem ser capazes de ler suas mentes! Acontece que quando o autismo entra no meio dessa sintonia, quando os olhos da criança se esquivam, quando as palavras não vêm e quando seu corpinho foge aos toques da mãe, parece que a comunicação fica com uma interferência, como uma linha cruzada.
A intuição até funciona, mas muitas vezes falha também. Forma-se um abismo de dúvidas sobre o que podemos estar fazendo errado. Aí aparece o medo e a insegurança, junto com uma força que vem sei lá de onde dizendo para não desistir.
É nesse momento que surge um sentimento de proteção instintivo (talvez até primitivo) nesses pais, uma sensação de que são os únicos seres capazes de compreender os indecifráveis pensamentos de seu filho.
À medida que os dias passam, o autismo se incorpora à rotina de toda a família. As coisas ficam um pouco mais fáceis. Nós conhecemos pessoas com quem podemos trocar experiências, descobrimos recursos que nos ajudam no cotidiano, ficamos mais informados. Aprendemos que tudo é questão de descobrir qual a melhor forma de ensinar. Algumas crianças demoram a falar, então suas primeiras palavrinhas são a surpresa mais encantadoramente esperada! E assim vamos gradativamente assistindo de camarote aos pequenos progressos de nossos filhos. Para todos outros pais do mundo, são coisas tão insignificantes… provavelmente nunca compreenderão!
Talvez esse seja o maior aprendizado que o autismo pode ensinar: valorizar a simplicidade.
E sempre haverá novas lutas, novas batalhas, novas conquistas… A cada vitória nos perguntamos: O que preciso fazer agora para levar meu filho ao próximo nível?
Por Amanda Puly
2 Comentários
Luana Mendes
Meu nome é Luana, meu filho tem 4 anos e é autista também. Sou feliz com ele, considerado autista leve (tenho minhas dúvidas), mas sinto tanta resistência social. É como se o autismo dele só não incomodasse em casa, onde ele fica à vontade e onde já nos acostumamos com ele. Em outros locais e mesmo em família sinto a diferença. Tento disfarçar e deixar pra lá. Mas no fundo, ainda me incomodo com os olhares, com os menores comentários, quando vejo ele incomodado e não posso resolver. Mas é uma luta de cada dia e quase todos os dias uma vitória.
Amanda Puly
Olá Luana! Seja bem vinda! 💙
Essa resistência social existe sim e é muito grande! Dificilmente as outras pessoas (adultos e crianças) entendem as necessidades dos nossos filhos. Existem questões comportamentais, sensoriais e médicas que precisam de muita empatia. É por isso que lutamos tanto pela inclusão, pela disseminação das informações acerca do autismo.
Quanto ao autismo leve, não tem nada de leve mesmo. Mas isso é assunto para um outro post… Beijos