Ter autismo e conviver socialmente?

Frequentemente eu vejo relatos de mães de crianças com autismo que enfrentam verdadeiras batalhas para poder sair em público com seus filhos. Quando digo sair em público, não me refiro a passeios esporádicos em parques de diversões ou algo grandioso, e sim simples idas cotidianas ao supermercado e à casa de familiares. Eu entendo cada uma dessas mães.

Todas as mães precisam fazer compras, levar seus filhos às terapias, à escola, e tantos outros lugares. E cada saída pode ser um sufoco, uma luta, um grande estresse. O comportamento das crianças será sempre uma surpresa, para o bem ou para o mal.

É preciso saber se o lugar que estamos indo estará muito movimentado, se terá som alto, o quanto irá demorar, se poderá acontecer algum imprevisto (e preparar-se para ele), se terá alguma outra criança chorando… E então compreendo quando algumas mães dizem que só saem de casa se for absolutamente necessário. Mas ficar trancado em casa não é uma opção no mundo real.

Quando desejamos que nossos filhos aprendam a conviver e conquistar sua autonomia, precisamos dar a eles a oportunidade de praticar. Não dá para evitar sempre os lugares barulhentos, se desejamos que algum dias nossos filhos façam compras sozinhos. Nem evitar sair de ônibus, se queremos que conquistem sua independência. Temos que oferecer experiências, sem dar importância ao julgamento das outras pessoas. Mesmo em um passeio que pareça ter sido um desastre, precisamos treinar o nosso olhar positivo, enxergando os aprendizados ou o progresso que se teve em relação aos anteriores, por exemplo.

As crianças, sejam elas com autismo ou não, merecem se divertir e aprender a partir de suas vivências. Podemos oferecer previsibilidade, preparar nossos filhos para os passeios. Mesmo que imprevistos sempre aconteçam, vale a pena vê-los aprendendo com suas novas experiências. Temos essa opção: viver com medo de uma próxima crise ou deixar que os filhos experimentem o mundo. Além disso, como podemos exigir que as outras pessoas aceitem as diferenças se não permitirmos que convivam com elas?

Por Amanda Puly

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1 Comentário

  • Posted 26 de Settember de 2016

    Neutom Barbosa Rodrigues

    Muito boa a reportagem eu tenho um enteado que e autista

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