Sobre autismo e as visitas ao dentista

*Por Rosângela Marciano de Souza – CRO 6446

Os aspectos bucais dos pacientes com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) não diferem muito dos apresentados por pacientes que não tem o transtorno. Entretanto, em relação ao tratamento odontológico, o desconhecimento e consequente despreparo dos profissionais para lidar com as especificidades do autismo, bem como com as apreensões familiares, devem ser consideradas, pois muitas vezes inviabilizam uma intervenção eficaz.

Dentro do espectro do autismo podemos encontrar desde casos leves, onde o atendimento odontológico é tranquilo, até aqueles casos mais graves, em que a adesão ao tratamento é difícil. Por isso esse atendimento sempre será individualizado, respeitando as características de cada paciente.

É muito importante o acompanhamento com o profissional de odontologia iniciar o mais precoce possível, preferencialmente desde bebê. Em muitos casos a família só busca o atendimento quando seu filho já apresenta alterações bucais e dor, tornando mais difícil a criação do vínculo entre dentista e paciente. Igualmente importante é manter uma relação harmoniosa e de confiança entre os pais/educadores desses pacientes e os profissionais de Odontologia.

As formas de abordagens psicológicas do paciente autista são as mesmas usadas em Odontopediatria como: dizer-mostrar-fazer, dessensibilização, reforço positivo ou recompensa; e a cada novo encontro, conforme uma rotina for se estabelecendo, progressos acontecerão.

Alguns cuidados devem ser observados durante o atendimento odontológico como:

  • ambiente tranquilo, sem muito barulho
  • diminuição do tempo de espera na recepção
  • eliminação de estímulos sensoriais estressantes (evitar luz do refletor nos olhos, manter instrumentais longe do campo de visão do paciente…)
  • ordens claras e objetivas
  • sessões curtas e organizadas
  • estabelecimento de uma rotina de atendimento.

Em casos em que não conseguimos a colaboração do paciente para realização do atendimento podemos lançar mão de métodos de sedação, ou mesmo atendimento sob anestesia geral. Porém isso sempre será uma última alternativa.

Terminamos lembrando da importância do acompanhamento periódico com o profissional de odontologia para manutenção da saúde bucal dos pacientes, bem como os cuidados diários com a higiene oral.

*Rosângela atua na área de Odontologia para Pacientes especiais há 24 anos, sendo que atualmente trabalha no Centro de Especialidades Odontológicas de São José dos Pinhais/PR.

Contato: rms1708@hotmail.com

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