Fazer tudo pelos filhos é uma boa forma de demonstrar amor?

Talvez pelas limitações dela, talvez por insegurança de mãe, não sei bem o motivo. Mas me dei conta de que, sem querer, eu estava atrapalhando suas possibilidades de descobertas, de aprendizado e até mesmo de desenvolvimento.

Também erramos tentando acertar.  Erro de amor. Mas com o mesmo amor dá pra reconhecer o erro e melhorar, mudar! A vontade de ver nossos filhos felizes nos leva a acertar, errar, refletir sobre o erro e acertar novamente.

Percebi o que estava fazendo quando a vi colocar os chinelos (aqueles com elástico atrás) sem nenhuma ajuda. E quem mostrou a ela o “caminho das pedras” não fui eu e sim o seu pai, meu marido.

Com amor e com firmeza,  ele a ensinou a colocar os chinelos sozinha, comer, vestir-se, guardar seus brinquedos, colocar suas roupas sujas no cesto e outras coisinhas.

Nunca duvidei da sua capacidade, mas sempre acabava, por pressa ou por pena, fazendo as coisas por ela.

Me amolecia o coração vê-la segurando suas roupas na mão e dizendo: ” Não consigo,  mamãe”! Então eu ia lá e fazia por ela. Demorei a perceber que desta forma eu não a estava ajudando,  e sim o contrário.

Muitas vezes já me vi até interferindo na sua brincadeira,  guiando- a a brincar da forma que eu achava que deveria ser.

Como sempre, entra aí a necessidade do equilíbrio.  A importância de pesar as atitudes, buscar informações, refletir, melhorar.

A tal da autonomia vai aí se construindo!

Vale a pena sair do automático e pensar: “Eu preciso mesmo fazer isso por ele?” ou “Será que ele não poderia tentar isso sozinho?”.

Hoje dou a ela a chance de tentar.  A oportunidade de errar e acertar, de frustrar-se e de sentir-se orgulhosa.

Já não mais caio na tentação de fazer tudo por ela. O que era uma regra virou exceção e vice versa.

Permito que ela calce seus chinelinhos com os pés trocados; que vista seu pijama de trás para frente; que guarde seus brinquedos bem devagarinho, no seu ritmo; que coma sozinha se sujando (e sujando tudo ao seu redor); que brinque da forma que achar melhor; que passe seu batonzinho de brilho borrando um pouquinho (e que passe em mim também). Depois a gente arruma, depois a gente limpa…

Por Paula Puly

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