O autismo e os graus de comprometimento

Uma das principais dúvidas que temos quando recebemos o diagnóstico de autismo é “Em que grau meu filho se enquadra?”. O espectro autista se divide em dois grandes grupos: de baixa funcionalidade (com comprometimento cognitivo) e de alta funcionalidade (não há atraso cognitivo).

No primeiro caso, existe uma limitação intelectual, o QI está geralmente abaixo da média. Outras características: grande comprometimento na fala ou total ausência, comunicação limitada, forte presença de comportamentos repetitivos, grandes desafios no desenvolvimento.graus de autismo

Quando a criança apresenta o QI na média ou acima da média, ela se enquadra no grupo de alta funcionalidade. Outras características: comportamentos sociais incomuns, atraso na fala, fala repetitiva ou “robótica”, dificuldades na interação social, rigidez no pensamento.

Em ambos os casos, já é possível observar características desde os 6 meses de idade, mas são diagnosticados geralmente por volta dos 3 anos.

GRAUS DE SEVERIDADE

É importante não confundir a funcionalidade com o comprometimento do autismo. Eu explico: existem autistas de alta funcionalidade com comprometimento grave (severo), pois apresentam muita rigidez no pensamento, forte resistência à mudanças, crises nervosas, distúrbios sensoriais, etc, mas ao mesmo tempo são verbais e possuem bom desempenho escolar. Da mesma forma, existem autistas de baixa funcionalidade com comprometimento leve ou moderado: têm dificuldades no aprendizado, mas são mais flexíveis com a rotina, sociáveis, emocionalmente estáveis, etc. Logo, o grau severo não está relacionado ao autismo de baixa funcionalidade, assim como o grau leve não está relacionado ao autismo de alta funcionalidade.

Existem 3 graus de comprometimento:

  1. Leve – são grandes as possibilidades de melhora no comportamento e na comunicação. Não se desenvolvem naturalmente essas habilidades, mas é possível aprendê-las.
  2. Moderado – exige que os quadros sociais sejam claramente explicados, demanda tempo e dedicação.
  3. Grave – grande resistência ao contato social e as tentativas de comunicação são bem limitadas ou nulas.

Vale ressaltar que nenhum grau é estático. Uma mesma pessoa pode mover-se dentro dos graus do espectro, dependendo de suas respostas aos tratamentos para os quais for submetida.

GRUPOS DE RISCO

Apesar de ainda não existirem estudos conclusivos sobre as causas do autismo, existem grupos de risco:

  • Parente próximo com autismo (pai/irmão)
  • Parto prematuro ou com complicações
  • Mãe ou pai com idade avançada
  • Exposição a drogas ou toxinas durante o período gestacional
  • Maior incidência no sexo masculino

Se você está preocupado com a possibilidade de seu filho ser autista, procure a avaliação médica o quanto antes, pois os tratamentos ajudam a melhorar todas as habilidades. Quanto antes forem iniciados, melhores os resultados. Independente do enquadramento nos graus leve, moderado ou severo, ou ainda de baixa ou alta funcionalidade, os tratamentos e terapias são indicados focando diretamente as habilidades e dificuldades específicas de cada criança.

Por Amanda Puly

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