Autismo: Por que algumas crianças se tornam agressivas?
Por Amanda Puly
O fato de uma criança ter o diagnóstico de autismo não significa que ela desenvolverá comportamentos agressivos. Na verdade, a agressividade é um comportamento que reflete alguns sentimentos comuns às crianças com esse transtorno, como angústia, frustração e ansiedade. Aliada a estes sentimentos está a dificuldade em se expressar e o medo do social. Por causa do bloqueio na comunicação, algumas crianças demonstram seus sentimentos através de comportamentos.
A repetição de comportamentos agressivos pode ser motivada pela resposta que a criança obteve quando agiu de determinada forma em alguma situação. Por exemplo: quando a criança grita ou se auto agride para conseguir algo. Se o objetivo for alcançado, ela repetirá esse comportamento outras vezes.
O comportamento agressivo pode ter várias motivações, como: conseguir algo, chamar atenção, fugir de algum incômodo sensorial, se recusar a executar alguma tarefa, medo, insegurança, etc.
Mas trabalhar essas questões com uma criança autista é muito difícil e complexo. Ela não entende nossa lógica, do que é ou não adequado diante da sociedade. E é muito comum encontrar pessoas leigas no assunto julgando os pais nessas situações. Ainda bem que a informação está cada vez mais acessível!
Como então eu devo agir?
O primeiro passo é ensinar a criança a se comunicar. Com gestos, palavras ou imagens, a criança precisa aprender a identificar e expressar suas emoções. Aqui no site já colocamos algumas dicas para estimular essas áreas: habilidades sociais, comunicação verbal, etc.
O maior erro que podemos cometer diante de um comportamento agressivo é colocar a criança de castigo! Lembre-se que a criança ainda está na fase de tentativa e erro para definir como deve agir em determinadas situações. Se ela se bateu e conseguiu sua atenção, logo ela atingiu seu objetivo… fique atento a isso!
Quando a criança com autismo aprende um determinado “ritual”, é muito difícil revertê-lo. Muito difícil, mas não impossível. Com muito esforço e paciência, repetidas vezes, os pais deverão retirar a criança do ambiente que gerou o comportamento, levando-a para um lugar tranquilo, afastar os possíveis perigos (como algo em que ela possa se machucar ou outras crianças que estejam por perto) e esperar que ela se acalme. Quando a criança estiver mais serena, explicar da maneira mais objetiva e concreta possível como ela deve agir para conseguir seus objetivos.
Aos poucos, as crianças precisam adquirir confiança, se sentirem seguras. Diminuir o nível de ansiedade nelas está em nossas mãos! Os pais são os principais agentes em seu desenvolvimento. Portando, definam suas pequenas metas e façam muito reforço positivo nas conquistas. O desenvolvimento da comunicação e da confiança proporcionará uma melhora na qualidade de vida da criança e a deixará mais preparada para reagir ao mundo ao seu redor.
Por Amanda Puly
14 Comentários
jacqueline Dias
De muita relevancia essa orientaçőes
Clube Materno
Obrigada Jacqueline, seja sempre bem vinda!
Leidiane Silva
Sou mediadora de um aluno no espectro e tô encontrando muita dificuldade com o seu comportamento agressivo. Ele tem 3 anos e é não verbal. Gostaria de algumas dicas.
Amanda Puly
Bom dia Leidiane! Antes de agir, é necessário fazer um processo investigativo sobre essa agressividade. Em que momentos ela ocorre? É só na escola ou em casa também? Quais os motivos que o deixam irritado? Ele tem dificuldades sensoriais (não gosta de barulho, toques…)? Ou talvez esteja repetindo um comportamento que ele assiste em algum filme ou desenho? Ou ainda é a quantidade de crianças que o deixa incomodado?
É necessário estudar bem esse comportamento para então conseguir agir sobre ele. Quando fizer a investigação, os pais e profissionais precisam estar com a mente bem aberta, considerar todas as opções, porque às vezes o motivo é algo que nem esperávamos.
Aí então é possível trabalhar em conjunto com pais, escola e terapeutas para que o comportamento seja aos poucos amenizado.
Só já adianto que colocar de castigo, brigar ou fazer um longo sermão não irá resolver… Na escola é necessário ser bem assertivo e objetivo, de uma forma positiva também.
Espero ter ajudado um pouco! Beijos
alequerica
Tenho alunos autistas, percebo como a agitação dos outros alunos, músicas altas ou aglomeração de pessoas os deixam mais nervosos. É um trabalho de amor e paciência, mas com recompensas únicas. Conquistar o amor e ver a evolução de pessoinhas tão brilhantes assim, é uma sensação única!
Clube Materno
Olha que legal, disse tudo: amor e paciência! Obrigada por participar, seja sempre bem vinda!
Radhazen
Bacana demais! Obrigado pelas dicas não deixem de visitar o nosso blog RadhaZen Pai&Filhos.
Clube Materno
Obrigada! Vamos visitar sim! Beijos
Paulo rodrigues de Almeida
GOSTEI !
EU necessito sempre de informaçao assim ,meu filho de cinco anos tem west e minha esposa retinose pigmentar com cinco por cento de visao as vezes fico sem saber o que fazer em algumas situações ,esse artigo foi de bom aproveito
OBRIGADO !!!
Clube Materno
Obrigada Paulo! Participe sempre! Um abraço!
Debora pedroso
Quero dicas meu filho 9 anos autista, agride muito sua tia toda vez que a vê. Whats 53 99514289
Amanda Puly
Oi Debora! Teria que estudar o caso do seu filho, ver qual a razão da agressividade. É somente com ela que ele fica agressivo? Talvez ela precise reiniciar uma aproximação diferente com ele, criar vínculo, chamar sua atenção para coisas que ele goste. Atraí-lo ao invés de se aproximar. Talvez ela esteja sendo invasiva para ele, não sei. Seria interessante estudar melhor esse caso para te dar uma resposta mais precisa. Um beijo!
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Aída
Meu neto tem 5 anos e tem TEA. Foi e é muito carinhoso, mas ultimamente está agressivo, bate, aperta e belisca os avós, os pais, as pessoas que convivem com ele no dia a dia e na rotina. Esse comportamento é recente. o que causa estranheza é que sua rotina não mudou. A psicóloga aconselha abaixar as mãozinhas, meio que ignorar e dizer para bater na almofada, por exemplo. Não tem surtido efeito. Converso, explico e ele diz “só carinho”, como ensinamos, mas não funciona, logo depois está novamente repetindo as atitudes. Difícil!!!